Chaves Divinas

Refletindo sobre o mundo dividido, Deus resolveu se misturar entre os homens para que pudesse perceber mais as coisas que aconteciam.
Uma vila, calma e pacata, assim era a cidade de Boa Véspera. Lá as pessoas mantinham a rotina do interior. Acordavam cedo, cuidavam da criação e as crianças iam para escola. Nada parecia surpreendente.
De botas e casaco, surge o Senhor Estranho. Forasteiro na cidade, tomou café no bar mais próximo, soube das novidades do dia e saiu a caminhar pelas ruas. “Mas que bom ver tudo em paz por aqui... Não sei do que os anjos reclamam. Vida no interior é paz.” – Disse o Senhor.
Dona Dalva estava ali na esquina, como sempre toda manhã, fazia o café e a casa na esquina era para ela um ponto estratégico para tomar conta da vida alheia. Dona Dalva ali na esquina esperava a vizinha sair e colocar lixo para fora só para puxar assunto. Como sempre o assunto era o filho da vizinha que já fazia 20 anos e não tinha emprego certo. Dona Dalva adorava perguntar a vizinha se o filho dela já estava empregado.
Então, ao olhar para o alto, Deus viu uma pipa presa nos fios dos postes: “Ora, posso retirar aquela pipa e dar para alguma criança, farei a alegria de um pequeno!” E assim Deus achou um galho no tamanho exato e consegui retirar a pipa de uma só vez. A senhora que estava em frente a casa da esquina se aproximou com pressa:
- Mas o que o senhor está fazendo? Poderia ter tomado um choque ao retirar a pipa! Para que isto?
- Penso que esta pipa pode servir ainda, ou mesmo deve ter um dono.
- O menino que era dono desta pipa, morreu com o choque de alta tensão da rede elétrica, acho que não conseguirás devolve-la. Todos esperamos que o tempo faça-nos o favor de apaga-la com os ventos e as chuvas constantes, e assim diminua a péssima lembrança que temos.
- Com tanta fazendas e sítios ao redor, como um menino veio soltar pipas aqui na rua?
- Certamente o senhor não é da cidade. Todos sabem que os pais dele brigam demais e acho que por isso ele não ficava na fazenda onde morava quando queria brincar. O pai dele sempre teve problema com bebidas.
- Sim, é verdade. Digo, não sou da cidade, mas conheço a história. Vou até a fazenda. Tenha um bom dia.
- Que? A família não recebe ninguém desde a morte do menino! O senhor não deve ir,... Não acho certo o senhor ir até lá!
- Obrigado pelo conselho, mas eu tenho que ir. A propósito o filho da Dona Marieta, já arrumou emprego! Tenha um bom dia.

Mas na frente tinha uma venda, Deus colocou a pipa no chão, ao lado da lixeira, entrou no estabelecimento, comprou 1 litro de vinho e continuou a caminhar.

Na fazenda entrou, pois sentiu que as portas ali estavam abertas para ele.
- O filho da senhora faleceu porque brincava de pipa na rua próximo aos postes de luz. Se o marido da senhora tem problemas com bebidas, porque vocês não buscam uma ajuda?
- Sempre em minhas orações peço a Deus que faça com que meu marido pare de beber. Fora isso, não sei mais o que fazer. Ele não aceita ajuda de ninguém.
- Seu marido está nos campos com as vacas, vou até ele. Com sua licença, dona.
Deus avistou o pai do menino e foi até ele:
- Sua família o ama. O senhor sabia disso? – Disse Deus ao homem.
- Grande coisa! Quem é você para me dizer isso? Diga logo o que o senhor quer, pois não tenho muito tempo para jogar conversa fora.
- Sim, não tem tempo para conversar, mas tem tempo para beber. Eu lhe trouxe um litro de vinho. Está com sua esposa.
- Ah, vejo que o amigo é boa pessoa! – Disse o homem, já com um semblante amigável. – Vamos até lá em casa tomar um gole.
Chegando em casa a mulher ficou assustada ao ver os dois, que nem pareciam amigos se sentando na varanda para beber.
- Então me diga, o que traz o senhor para esses lados?
- O amor.
- O senhor é louco? Ou tem uma namorada na cidade?
- O senhor serviu nossos copos e nem leu o que diz o vinho. Tem certeza que pode beber este vinho?
O fazendeiro deu uma boa e longa gargalhada.
- Ora, mas que diferença faz? Tudo é birita!!!
- Nem tudo que é vermelho é vinho, assim como nem todo vinho é vermelho.
- É porque o senhor bebeu pouco. Toma mais umas duas canecas!
- Conheci seu filho. Sempre me disse que amava demais os pais, mais que não sentia estar em casa quando estava em família. Ele também desejava que o senhor parasse de beber.
- O senhor é da escola, já sei, mandaram você aqui me perturbar.
- Não. Eu apenas conheci bem seu filho. Apreciaria se o senhor tivesse uma resposta para minha pergunta: Por que o senhor bebe sempre até ficar bêbado?
- Porque me faz esquecer da mesmice, da rotina! E daí?
- Pessoas neste mundo lutam para ter um pedaço de terra onde possam ter plantações e ter criação de animais. Desejam ter uma boa esposa e um bom filho. Desejam ter condições de sobreviver. Que mesmice tem nisso? Cuidar da família é mesmice? Talvez o senhor não estivesse pronto para levar uma vida séria com responsabilidades! É rotina para o senhor acordar com a mesma família que necessita de teus abraços?
- O que o senhor sabe? Nada!
- Já leu o rótulo do vinho? Por um acaso está escrito ‘fórmula da família’, ‘resolve problemas’, ‘fórmula do esquecimento’?
- Não. Está escrito ‘Sangue de Cristo’. Deve ser um vinho melhor do que os milagreiros!
- Não existe bebida que faça milagres. Existem milagres que fazem uma pessoa se abrir, como o nascimento de um filho, encontrar um amor, conquistar uma bondade,o perdão, entre outros. Se você tem uma dessas chaves, não deve jogar fora.
Deus se despediu sem terminar a bebida e partiu.
O homem ficou a pensar. Qual chave ele possuía em seu chaveiro? Pensou que possuía mais chaves do que imaginava. Dividiu o ‘Sangue de Cristo’ com sua esposa e não sei a qual conclusão ele chegou, mas sei que por um momento ele ouviu a voz de Deus.
Quais as chaves você possui?

Qual é a chave que abre todos os tesouros escondidos do conhecimento e da sabedoria que vêm de Deus….Col 2:3
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